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O recrutamento e a seleção são práticas estratégicas para gestão de pessoas. Essas ferramentas são habitualmente utilizadas na procura por talentos. Normalmente, é recomendado que os profissionais da área de recursos humanos tenham capacitação acadêmica para o desenvolvimento integral dessa dinâmica, desde a divulgação do anúncio da vaga até a contratação. A atribuição, por motivos óbvios, exige ética, sensibilidade, conhecimento técnico-científico e experiência profissional.
Com o boom tecnológico e a virtualização das atividades funcionais, tornou-se comum a automatização do processo. E, neste contexto, por força de audiência e alcance, as redes sociais oferecem relevante contribuição na propagação das oportunidades de trabalho e no suporte aos selecionadores. É por lá que os ditos ‘caça-talentos’ levantam informações sobre o perfil e comportamento dos postulantes aos cargos ofertados.
O LinkedIn, por exemplo, uma plataforma digital fundada em 2003, conecta profissionais às empresas do mundo todo. São mais de 500 milhões de usuários distribuídos por aproximadamente 200 países. Em relação ao número de inscritos, o Brasil é o terceiro colocado no ranking dessa plataforma.
Outros canais de comunicação mais tradicionais – como sites de notícias, jornais e blogs – também são utilizados para divulgação das oportunidades de trabalho. E, embora seja espantoso para alguns novatos da área, essas mídias mais antigas ainda atendem com relativa eficiência. Isso porque a rede social não é o único ambiente onde se encontram talentos.
Mas, indiferente do meio utilizado para a procura de indivíduos qualificados e competentes, o que ainda se verifica é a atuação de profissionais desprovidos de princípios básicos para a realização desse tipo de tarefa. Logo, é importante destacar que uma experiência rasa e cursos, de algumas poucas horas na internet, não são suficientes para deixar alguém apto para essa atividade.
Já vi situações em que agentes de recrutamentos expõem o mau desempenho de candidatos nos processos seletivos. E mais grave ainda: até zombam nas redes sociais, quando os pretendentes apresentam baixo nível de instrução escolar ou demonstram pouca intimidade com as novas tecnologias. Essas atitudes intoleráveis geralmente são praticadas por aqueles que têm alergia à ética e aos bons costumes. E, pior, desconhecem teoria e prática de recrutamento e seleção. Talvez até ignorem a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, já em vigor há mais de um ano.
Outro exemplo recente, que merece destaque, é o episódio de um empreendedor do setor de RH, que sofreu cancelamento nas redes sociais, depois de anunciar uma vaga de emprego de maneira sarcástica, em 2020. Na época, o influencer digital perdeu contratos, foi autuado pelo Ministério Público do Trabalho e ainda amargou a falência da sua própria empresa por propagar mensagens com conteúdo análogo à escravidão. A atitude irresponsável provocou um prejuízo aproximado de R$ 300 mil. Assim foi noticiado na imprensa nacional.
Apesar de tudo isso, já testemunhei casos de admissões bem sucedidas, que utilizaram empatia, estratégias de gestão e técnicas de escritas (como copywriting e storytelling) para atrair os postulantes às vagas. São práticas mais modernas e que geram maior engajamento com o público.
Então, se você arrisca a imagem da sua empresa, permitindo que este trabalho não seja feito com a devida seriedade, expondo e ofendendo em troca de alguns views e likes, é melhor preparar uma reserva financeira para o que está por vir.
E, enquanto a conta não chega, lembre-se do seguinte ensinamento do famoso professor, psicólogo e filósofo Roberto Patrus: “a ética é a reflexão sobre o que convém”.
Thiago Jacques é professor universitário na Funcesi, mestre em Administração, especialista em Gestão Empresarial e pós-graduado em Marketing e Mídias Digitais.